Total de visualizações de página

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Barulhento



Parecia ter acordado de um sono profundo, daqueles que não sabemos onde estamos e que paredes são aquelas a nossa volta, sentia um forte desejo não sabia de que, mas era desejo, pois seu coração teimava em bater tão forte e alto que ela sentia-se um tanto envergonhada quando perto de outras pessoas, como se elas pudessem escutar aquela barulheira incessante dentro dela.
Pensou por meio segundo antes de tomar o primeiro gole de seu maior vício. Quente, doce e forte o café pareceu não lhe saciar, o barulhento pulsava ainda mais ansioso.
Foi até o jardim, estava tudo como no dia anterior, suas pimentas ardidas e as flores em um colorido quase carnavalesco, não fosse a doçura que lhe passavam teria as achado escandalosamente sensuais e eróticas naquela manhã.
O barulhento continuava ditando ritmos acelerados, em sons entre Olodum e solos de Neil Peart.Ela tentava não se deixar levar por aquelas batidas enquanto lia pela milésima vez Cem Anos De Solidão, e foi durante a leitura de uma pequena frase que o barulhento aquietou-se “tropeçou de repente com um espaço de lucidez dentro da loucura e tremeu diante da incerteza do futuro”, como se tivesse esperado a manhã inteira por aquela “deixa”.
Como se estivesse dialogando com seu coração, sem se dar conta soltou quase que em euforia:te acalma, eu entendi o que estás querendo me  dizer com todo esse barulho e não te canses de me reivindicar assim aos berros, pois te explico tudo, seu órgão ansioso, também tenho minhas dúvidas sobre o amanhã mas saiba que nunca deixarei de consultar-te, mesmo em meio a toda essa estafante e quase enlouquecedora rotina que a vida real apresenta, sempre te ouvirei primeiro.
O barulhento aquietou-se, como se tivesse sido acariciado e cheio de vaidade continuou a bater em compasso, como se estivesse buscando a perfeição a cada batida.
Ela em meio a um sorriso percebeu que andara dormindo por muitos dias, e que era hora de acordar, por certo um acordar preguiçoso, “devagarzinho”, quase que um espreguiçar...Olhou Cem vezes para o que estava em sua frente:o céu, pimentas , flores escandalosamente coloridas, e a vida ali passando quase desapercebida mas imensamente sábia.Levantando-se da rede preguiçosa, saiu sem rumo e decidiu que aquele era um dia perfeito para aprender mais um pouco, para se especializar em pequenos detalhes da vida.
                                                                                   L.S






Nenhum comentário:

Postar um comentário