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domingo, 29 de maio de 2011

O naufrágio de Alice Liddel


...e vem aquela sensação de estar naufragando, sentir-se como um Titanic, parecer enorme (meio Alice Liddel) em qualquer ocasião e lugar. Como se tudo fosse muito pequeno, apertado e estivesse afundando ao mesmo tempo. Parece loucura, ela via-se como a Alice, a do país das maravilhas mesmo, mas sem as “maravilhas” e com o seu “barquinho” Titanic, afundando... Quase uma tragicomédia “infantil”, ou seria um dramalhão mexicano?
É, talvez ela estivesse “mexicanizando um conto de fadas” e tentando transformá-lo em um filme de tragédias aquáticas, sempre foi meio fissurada em água, mar, rio...coisas molhadas sabe:lágrimas.
E foi em meio a essas coisas molhadas que às vezes insistem em navegar em nossos rostos e acabam com toda aquela historinha de “eu sou forte”, “capaz, to triii bem”, que ela descobriu que não precisa estar TRI alguma coisa, nem tri bem, nem tri boa, nem tri legal.
O “LEGAL” mesmo ela viu que era sentir, sentir tudo até o final, sem fugir nem querer controlar sua “mexicanização  romanciada” do que estava acontecendo, viu que tudo poderia ser útil, viu que até a dor se torna algo interessante quando nós somos interessantes. É, ela se sentiu interessantíssima por estar “portando” algo tão avassalador e destrutivo, como se aquela dor a estivesse impulsionando em direção a um novo entendimento, a uma nova re-re criação de si mesma, mas sem aqueles besteróis de “Eu vou  conseguir”, “Eu sou mais forte que eu”, essas auto ajudas que só ajudam a encher os bolsos de quem as escreve...
Não, ela fez bem o contrário do que esses manuais de vida sorridente, que mais parecem  propagandas de margarina com final feliz de pasta de dentes pregam e,  agarrada ao Titanic lá no fundo do mar, resolveu correr atrás do tempo perdido.E foi correndo, meio Alice Liddel, que ela  tirou o primeiro coelho da cartola, foi para a sacada tomar um chá, na verdade um café mesmo, forte quente e muito doce.
E lá no fundo daquele naufrágio regado a café, coelhos e muita fantasia, portando sua dor e sentindo-se  incrivelmente interessante, ela resolveu  afundar ainda mais, e voltou a escrever...
( Lu Schwark )

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