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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Amá-la, Amar-se...




Tentava se desvencilhar daquelas cordas pareciam nós de marinheiros, ou seriam nós na sua alma marinheira?
As coisas se complicaram mais quando seus gritos não pareciam ser ouvidos, suas mãos estáticas e pálidas assustavam, e as cordas cada vez mais apertadas, a estrada ia sumindo...
Acordou molhada de suor, suas mãos quentes e os olhos em brasa, sentia uma raiva sem limites, todo seu corpo tremia em ódio pulsante. Interpretação mais inútil aquela: armadilha?
Riu rangendo os dentes, prá que?Por quê?
Tentou dormir de novo, a insônia, velha companheira voltou de mala e cuia, e com toda sua empáfia invadiu o quarto, com aquele risinho cínico no canto da boca olhando para a xícara de chá inútil na cabeceira.
Respirando fundo, deu as boas vindas a sua velha conhecida, aquelas cordas não lhe saiam da cabeça, nós de marinheiro?Alma marinheira?Intrigada tentou escrever no papel tudo que lembrava, insistiu e repensou...
Riu novamente, e sentindo falta da sua alma marinheira percebeu a vida se esvaindo em suas mãos estáticas, sentia falta da estrada, dos gritos de liberdade, das pessoas marinheiras em sua vida, do seu coração apertado a cada volta prá casa, daquele mundo inteiro que a estrada lhe dava a cada novo porto, a cada novo nó desatado.
Sentou-se na cama e resolveu não tomar chá, nem tentar dormir, nem mesmo ler um livro, queria ler e tomar a vida, levantando-se procurou aquela mala antiga no armário, sentiu-se livre quando a encontrou ali, intacta, sem nós, sem cordas, esperando por mais uma estrada em suas vidas.
Desprender-se, desatar-se, repensar-se.
Vestiu seu corpo com a vontade, seus olhos com sua incansável curiosidade e sua alma marinheira ainda cheirando a maresia alegrou-se, seus passos vorazes apressaram-se e a mala pesada de sonhos e buscas virou sua parceira novamente...
Voltou a navegar.

Lu Schwark









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